sexta-feira, 13 de julho de 2012

Estatudo da Criança e do Adolescente: engatinhando há 22 anos

Menino fotografa pessoas em torno de uma imensa mesa oval no meio de uma sala reuniões. Pessoas sentadas à mesa olham para um homem cego que fala ao microfone de pé, no canto esquerdo ao fundo da sala de reuniões. Menina que está sendada à mesa de reuniões entre dois meninos, fala gesticulando com as mãos. Atrás dela, algumas pessoas a ouvem sentadas. Os rostos das três crianças foram desfocados para impedir sua identificação.
Da esquerda para a direita: Cauê, o pequeno fotógrafo não deve fazer ideia do valor do seu gesto; Ricardo Pedroso expressa o desejo de contemplar a criança e o adolescente com deficiência nas políticas públicas que ajudará a criar; "M" confessa que ao se aproximar, a maioridade traz com ela o pânico e a desesperança para criancas que vivem em abrigos.  Fotos e texto de Tina Andrade.


O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente está completando 22 anos. Tempo o bastante para já ter amadurecido; mas a verdade é que em muitos casos, nem mesmo engatinha.
A ausência de políticas públicas que coloque não apenas a criança irregular, mas, todas as crianças em segurança, são um pesadelo para meninos e meninas que são obrigados a deixar os abrigos ao completar 18 anos (com atraso nos estudos, sem capacitação para o trabalho, sem ter para aonde ir, sob o risco doloroso de ser entregue à própria sorte. Mas qual sorte?
Nesta sexta-feira (13), convidado a participar da Audiência Pública promovida pelo O FMDDCA - Fórum Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente para discutir os avanços e desafios da Lei que nasceu para garantir os direitos e deveres dos cidadãos crianças e cidadãos adolescentes, Ricardo Pedroso uniu-se a integrantes do CMDCA, Conselhos Tutelares, entidades, sociedade civil e imprensa local - todos sentados à mesma mesa e com os mesmos interesses de garantir os direitos e qualidade de vida às crianças e adolescentes - para os quais fora criado.
- Por que não temos aqui uma criança com deficiência para falar para ela? Será que na capacitação ela conta com áudio-descrição? O professor está preparado para acolhê-la? O festival de Inverno está acontecendo e a criança com deficiência não tem o direito de assistir o "Menino Maluquinho?". Para ele, está mais do que na hora de enxergar que existe a diversidade no município.
Ricardo disponibilizou a ajuda técnica do grupo Ação Inclusiva, lembrando que a deficiência está no meio; e que com informação e tecnologias assistivas, as pessoas com deficiência tem muito a contribuir com seu município. Representando os meninos e meninas que vivem em abrigos, a menina "M" desabafa: - "Eu vou fazer 18 anos este ano. É muito peso para uma pessoa só... tenho que pensar no emprego, em onde morar, no futuro. Tenho sonhos, não vou desistir dos meus sonhos porque não tenho dinheiro para pagar a falculdade, porque eu vou conseguir!" (TA)