terça-feira, 12 de julho de 2011

Radioweb Ação Inclusiva para ouvir e LER!





Tina Andrade entrevista Ricardo Pedroso
na estreia do programa A PALAVRA É SUA

Roteiro e apresentação: Tina Andrade
Produção: Elias Nunes
Edição: Henrique dos Santos

ouça (play) |   leia


Vinheta da Campanha
Classe: SPOT DE RÁDIO 25"
Tema: ELEIÇÃO 2012
Locução e produção: Elias Nunes
Edição: Supermix 2000

ouça (play) |   leia


Escreva para nós, solicitando a transcrição caso não esteja localizando o conteúdo desejado.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Tina Andrade entrevista Ricardo Pedroso na estreia do programa A PALAVRA É SUA



[TOQUE DE 5"]

Locutor 1: A partir de agora você passará a ouvir o programa A PALAVRA É SUA.
Aqui você fica bem informado com Ricardo Pedroso e Tina Andrade.


[música de abertura]

Locutor 2*: Está entrando no ar A PALAVRA É SUA - um programa feito para você ouvir e ler na internet, levar na pendrive, no celular, ticar em casa,no carro ou em qualquer lugar. Mais do que rádio, A PALAVRA É SUA é a oportunidade de mostrar na prática, como é que se faz o Jornalismo Cidadão.
Quando você clicar sobre o sinal do play vai ouvir Ricardo Pedroso e eu, (*)Tina Andrade - essa jornalista que vos fala-, numa conversa franca sobre algumas das muitas questões que permanecem na cabeça da gente, procurando por novas respostas.

E sabe quem mais vai fazer parte deste programa? Você! É, isso mesmo: os assuntos em pauta são sugeridos por você que chega até nós através dos meios que disponibilizamos para a sua participação.

LIGUE, ESCREVA, DEIXE SEU RECADO, PORQUE AQUI “A PALAVRA É SUA”!

[vinheta] Locutor 1: A PALAVRA É SUA - com Ricardo Pedroso e Tina Andrade

------- início da entrevista


Tina Andrade [TA]: Dizem que a vida da gente dá muitas voltas. Um dia você pode simplesmente seguir a velha rotina de casa para o trabalho e se chocar com o inesperado numa curva qualquer do caminho.  Em muitos casos, a estrada termina ali mesmo. Mas há outros em que justamente na hora que se devia ficar cara a cara com a morte, é que a sorte lhe sorri transformada. O filósofo Espinosa chamou isto de "uma nova forma de existência". É como ter de mergulhar fundo no imenso mar da escuridão, para encontrar o tesouro - que é quando se aprende a transformar aquilo o que para muitos representa um problema, em uma imensa motivação. Estou certa, Ricardo Pedroso? A PALAVRA É SUA.

Ricardo Pedroso [RP]: Obrigado Tina. Olá, ouvintes! Realmente o que você disse … aconteceu comigo. Eu tive um acidente automobilístico há 12 anos e a sequela maior deste acidente foi a perda da visão. E isso foi um dos motivos, uma mola propulsora para que eu pudesse hoje estar trabalhando em prol da acessibilidade e das pessoas que muitas vezes são excluídas da sociedade.

[TA]: Ricardo, a gente acaba de receber chefes de estado do mundo inteiro para pensar o futuro que a gente quer ter. Imagine que ao ser eleito, um vereador receba um papel com uma espécie de esboço, algumas borrachas e muitos lápis... Alguns coloridos... O que você faria com um kit deste?

[RP]: Essa pergunta é muito interessante! Primeiramente eu pegaria uma borracha e iria apagar alguns traços, porque nossa cidade precisa ser redesenhada. Depois, eu iria desenhá-la de uma forma mais acessível, utilizando o conceito do Desenho Universal - até porque é com este conceito que se trabalha a questão da Acessibilidade.

[TA]: Você acaba de ser nomeado presidente do núcleo da pessoa com deficiência e mobilidade reduzida do pmdb em Mogi das Cruzes. Como você interpreta o fato de um partido com tamanha tradição, apostar nessa estratégia tão inovadora de segmentação [...] para lidar com os problemas sociais?   

[RP]: A criação desse núcleo é um trabalho pioneiro em nosso município. [...] Levar a ideia de segmentação para dentro do próprio partido, é como se nós falássemos da família: [...] você não pode usar a mesma linguagem para lidar (ao mesmo tempo) com a criança, o adulto e a pessoa idosa. Você tem usar linguagens diferentes para tratar do mesmo assunto.
E quando a gente segmenta dentro do partido as questões voltadas para a pessoa com deficiência, das outras necessidades, nós estamos falando a linguagem própria daquele segmento e isto faz com que eles (os dirigentes/lideranças do partido) compreendam melhor quais são as políticas públicas que nós precisamos. Nós queremos, sim, estender este trabalho não só para o âmbito estadual, mas também no federal.


[TA]: Como fugir dos estereótipos? Você sabe que corre o risco de ser interpretado como o candidato das pessoas com deficiência e ponto, não sabe?

[RP]: Bom, na verdade é interessante, até porque eu sou uma pessoa com defiência e eu não me importo... até porque nós precisamos de pessoas que possam representar nosso segmento. Somos aproximadamente 80 mil pessoas com alguma limitação dentro do município e eu estou bem tranquilo, porque já tive a oportunidade de fazer parte do Conselho Municipal da Assistência Social; e por dois mandatos. E nesse segmento a gente tratou da criança, do idoso, da mulher e como todo o segmento da sociedade, então eu estou bem preparado para  discutir políticas públicas para todo mundo.

[TA]: Pelo o que eu pude perceber, você está incorporando o trabalho que já realiza de EDUCAÇÃO PARA AS DIFERENÇAS (ao qual, aliás, muitos de nós nos juntamos a você: eu inclusive) para a sua campanha; e não o contrário, ou seja, você está trabalhando para  fazer de Mogi das Cruzes um lugar para todos nós, ou eu tô errada?

[RP]: Correto. Na verdade são 12 anos que eu milito em prol da pessoa com deficiência. Já tive oportunidade de ser presidente do Conselho Municipal dos Assuntos da Pessoa com Deficiência em Mogi das Cruzes, do Conselho Estadual e do CONADE (Nacional), justamente discutindo justamente políticas públicas.
Eu vejo que dentro da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, como Vereador, eu terei um pouco mais de liberdade para propor leis e até mesmo fazer cumpri-las, ao cobrar do Executivo um pouco mais de autonomia para que estas leis voltadas parao nosso segmento sejam respeitadas.Começando por este município que eu amo de coração.


[TA]: Você pode falar brevemente sobre este trabalho? Como você lida com a árdua tarefa de levar a cultura da diversidade para uma cidade inteira? Porque suponho que não deva ser fácil...                                                                           

[RP]: Realmente não é fácil, até porque hoje vivemos em um mundo bastante dinâmico: as pessoas têm as suas obrigações, já têm seus compromissos, muitos saem logo pela manhã de suas casas e vão para o trabalho, depois vão para escola e voltam, enfim.
É um trabalho de formiguinha. Nós temos que trabalhar nossos vizinhos, nossa comunidade, nosso município através de palestras e até mesmo de uma oportunidade que se tiver na rua: se precisar de alguém para ajudar a atravessar, já ensina aquela pessoa a forma certa de fazer.

Este trabalho que nós temos feito; e é o que nós queremos: trazer essas informações.
Iremos usar nosso trabalho de campanha para já informar a sociedade sobre como lidar com as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, para que eles possam (independente de resultado de urna) realmente saber viver e ter um pouco mais de acessibilidade{...].


[TA] Você diz que "por menor que seja a ação inclusiva, pode transformar Mogi das Cruzes em um lugar melhor pra se viver, um lugar para todos". Você pode dar dois pequenos exemplos de AÇÃO INCLUSIVA pra gente entender?

[RP]: O primeiro exemplo que eu posso citar é o seguinte: para que possamos entender qual é a dificuldade de uma pessoa idosa circular pela cidade, é simples:  é só nós colocarmos uma caneleira de 10 quilos em cada perna e fazer uma caminhada de 40 minutos. Após, [...] nós vamos ter uma ideia do quanto é difícil continuar caminhando com aquele peso preso à sua perna. Isso dá uma ideia de como uma pessoa com mobilidade reduzida sofre em nossa cidade: ela precisa de um tempo maior para atravessar uma rua, ela tem uma dificuldade pra subir em um ônibus... então, se você fizer tudo isto do seu cotidiano com este peso, vai sentir no final do dia que as coisas ficam um pouco mais difíceis.  
Nós temos que entender que precisamos ter um pouco mais de tolerância social. Temos, sim, que respeitar o espaço do idoso, respeitar as vagas para as pessoas com deficiência,... mas temos que entender que existem inúmeras limitações que não são visíveis.
Exemplo: o renal crônico. Uma pessoa que precisa fazer uma hemodiálise, quando ela sai daquela sessão, está muito limitada; e aparentemente ela não tem nenhuma deficiência física ou sensorial, mas a deficiência orgânica que ela tem, traz uma limitação muito constrangedora para ela. Muitas vezes ela senta em um lugar reservado e as pessoas entendem que está fazendo abuso, enfim. Então vamos tentar conhecer um pouco mais dessas patologias, dessas necessidades, dessas dificuldades, ….
É esse o nosso trabalho: trazer um pouco mais de conhecimento para a sociedade, fazer com que se tenha um pouco mais de respeito pelo outro, para que possamos viver em um mundo melhor, sendo mais humanos e tendo no nosso coração, um pouco mais de amor pelo próximo.


[TA]: Olha, eu achei fantástico você tocar nessa questão da tolerância, do diálogo, de julgar menos e sobretudo a educação, a elegância. Acho que a gente tem que fazer um esforço para que as cidades (de um modo geral) elas se voltem muito fortemente para essa questão. Eu costumo dizer, Ricardo (não sei se você concorda comigo),  que depois que tiraram a disciplina de Educação Moral e Cívica das escolas, muita coisa piorou. E falando em escola e em disciplina... você não quer arriscar dar uma nota entre zero e dez... para Mogi das Cruzes nessa “matéria”, na “disciplina” de Tolerância Social, não?

[RP]:
(risos) Tina, eu confesso a você que hoje a nota ainda não é daquela forma que nós gostaríamos que fosse. É uma nota um pouco negativa. Não vou arriscar citar um número, nem nada, mas nós temos condições de melhorar essa nota.
Até porque se nós começarmos a entender um pouco da necessidade do próximo - e não precisa ir muito longe: dentro da nossa própria casa - se temos uma moça dentro da nossa própria casa que está grávida, temos que entender quais são as necessidades dela naquele momento, naqueles nove meses, porue nós sabemos que tem uma série de transformações tanto no seu corpo físico, quanto no psicológico.
Se nós temos um idoso dentro da nossa casa, peraí, como é que nós podemos fazer para melhorar a vida dele dentro do próprio espaço em que ele vive?
Assim, se nós realmente tivermos oportunidade e conseguirmos trabalhar a questão da Educação para as Diferenças, você pode ter certeza absoluta de que essa nota para Mogi das Cruzes não vai ser dez, vai ser mil!


[TA]: Uau! E como é que as pessoas podem saber mais sobre você, seu trabalho a frente do ação inclusiva e suas propostas para o novo governo?

[RP]: As pessoas que têm acesso á internet, podem me encontrar no Facebook pelo seguinte endereço: “ricardopedrosomogi”. E aquelas que têm um pouco de dificuldade de ter acesso à internet, pelo telefone da minha assessoria de comunnicação inclusiva: (11) 8431-2010.

[TA]: Okay, Ricardo Pedroso, você tem um minuto: A PALAVRA É SUA.

[RP]:
Agradeço a todos, agradeço a audiência e quero dizer que nós, pessoas com deficiência, não precisamos de piedade, mas sim, de respeito e oportunidade. Não vamos esperar o resultado das eleições; vamos fazer a diferença agora!
Muito obrigado. Eu agradeço, Tina, a oportunidade... e espero pelos próximos encontros.


[TA]: Ah, eu agradeço a você também. Foi muito esclarecedor... E deixando claro que em nosso próximo encontro, entre os temas que vamos abordar (que são muito interessantes), saúde ocular, vamos falar um pouco sobre como funcionam estas conferências sobre os Assuntos (Direitos) da Pessoa com Deficiência - municipal, estadual e a nacional, para que as pessoas conheçam este trabalho; falar um pouco sobre a Inclusão Visual - que é um trabalho que a gente vem fazendo juntos, enfim, tem muita coisa.
Eu desejo boa sorte para você, até mais tarde e obrigada também.


[RP]: Valeu, fui! (É desta forma animada que Ricardo se despede).

Locutor 1: Você acabou de ouvir o programa A PALAVRA É SUA, que volta em nossas próximas edições.

FIM DA TRANSCRIÇÃO/// (7.jul12, TA)